Se a economia cearense, de uma maneira geral, se encontra distante da recessão técnica nacional, apontada por economistas e agências de avaliação de risco do País, o mesmo não se pode dizer da indústria Estadual.
Após crescimento de apenas 1,7% no primeiro trimestre, o setor amargou queda de 4,2% no segundo trimestre deste ano, quando comparado com os resultados de igual período de 2013, e encerra o primeiro semestre do ano com recuo de 1,25%, ante igual intervalo do ano passado.
O “tombo” da indústria cearense nos meses de abril, maio e junho últimos foi 0,8 ponto percentual maior que a retração de 3,4%, anotada na média brasileira do setor.
Para o economista do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), da· Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Pedro Jorge Ramos Viana, a indústria cearense tem sofrido mais porque os incentivos concedidos pelo governo Federal para o setor foram pontuais, beneficiaram apenas alguns segmentos, como os de automóveis e linha branca, áreas em que a indústria do Estado pouco atua. “Os incentivos concedidos beneficiaram mais o Sudeste”, justifica Ramos Viana.
Dose dupla
Além desse fator regional, acrescenta o economista, a indústria cearense sofre também com os efeitos conjunturais da economia do País. Conforme explica, “se a demanda cai, a produção industrial segue o mesmo caminho, porque ninguém vai querer produzir para estocar”.
Para ele, isso explica as retrações de 5,04%, na indústria de transformação, e de 5,47%, na construção civil, registradas no segundo trimestre de 2014, ante igual período de 2013.
Já o “mergulho” continuado de 18,77%, no segmento de extração mineral, nesse período, após queda de 19,87%, nos meses de janeiro a março, são reflexos, segundo o economista, da situação da economia internacional, sobretudo a da Europa e dos Estados Unidos, que não se recuperaram após a crise, como era esperado.
Agropecuária
Na contramão das expectativas dos economistas, - diante do quadro de seca no Estado,- os dados que apontam crescimento de 47,2% na agropecuária, no acumulado dos seis primeiros meses de 2014, sobre igual período do ano passado, foram contestados pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Flávio Saboya.
“Eu não concordo com esses dados. Acho que o Ipece está apresentando uma realidade totalmente diferente da nossa agricultura. O setor não cresceu 52,6% no segundo trimestre de 2014. Não há como falar em boa safra do milho, por exemplo”, criticou Flávio Saboya.
Para ele, precisaríamos de, no mínimo, 120 dias de chuva nas áreas produtoras. “Só choveu na zona Norte (do Estado), que não produz milho. No Cariri (zona Sul), a chuva foi tardia. Em relação ao feijão e ao arroz, eu não questiono, pois pode ter ocorrido situações atípicas”, avalia o líder classista.
Sobre o estudo
O PIB trimestral é um indicador que mostra a tendência do desempenho da economia cearense em curto prazo. Além do Ceará, mais sete estados realizam esse cálculo trimestral: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo.
É importante ressaltar que, como indica apenas um tendência de crescimento ou arrefecimento da economia, as informações e resultados são preliminares e sujeitos a alterações, quando forem calculadas as contas regionais definitivas, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e as 27 unidades federativas.
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
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